Muitas campanhas contra as drogas são realizadas todos os dias por todos os meios de comunicação. Nunca foi tão fácil encontrar informações sobre os prejuízos que o uso de entorpecentes causa à saúde física e mental.Mesmo assim, o número de usuários de drogas somente cresce. Os jovens querem se enquadrar no comportamento geral, pertencer à “turma”.Não gostam de ser tachados como “caretas”, “malas”, “manés” e outros rótulos depreciativos caso não consumam substâncias ilícitas, ou mesmo as lícitas prejudiciais como álcool e tabaco. Depois, o usuário e a família é que sofrem as consequências, e os “amigos” que tanto incentivaram o vício ficam a uma distância bastante segura. Ou simplesmente desaparecem.
As famílias, geralmente as mais prejudicadas pela preocupação, tentam até mesmo medidas desesperadas como internações forçadas. Mas algumas dessas famílias, ou mesmo alguns viciados, procuram na fé uma força que eles sabem que não podem encontrar neles mesmos. Julio Peres, psicólogo clínico com doutorado em Neurociência e Comportamento, explica que quem procura este caminho encontra “o perdão, o amparo de Deus e a absolvição por meio do caminho do bem”, que possibilitam, segundo o especialista, “maneiras de pensar o mundo que atendem algumas necessidades dos jovens que buscam a libertação da dependência química”.
O psicólogo diz que os jovens dependentes quase sempre perdem por algum tempo a estabilidade para conduzir o dia a dia, o que enfraquece a motivação para viver, favorecendo o isolamento, a depressão e os efeitos das drogas à saúde. A busca de um novo significado, de um novo propósito para a vida que a fé proporciona, com crenças e práticas espirituais e no cotidiano, faz com que esse sentido seja encontrado, gerando boa qualidade de vida.
A fé age, segundo Peres, no sentido de “reduzir a sensação de perda do controle e de desamparo”. Fornece uma estrutura cognitiva capaz de diminuir o sofrimento e fortalece o indivíduo. Ele encontra uma força superior que não poderia achar somente nele mesmo, reconstruindo sua vida.
Julio alerta sobre um grande desafio para usuários de drogas que tentam deixá-las: atravessar a fase de abstinência sem recaídas. “O caminho da superação envolve várias fases e a fé favorece importantes ganhos nessa jornada diária, como a potencialização da motivação e da confiança para o enfrentamento das dificuldades em momentos críticos de impasse entre dar ‘um passo atrás’ (recaída) ou ‘um passo à frente’ (superação).”
O especialista garante que a abstinência é um convite para a recaída caso o jovem não tenha o firme propósito de superá-la, e a fé pode ser fundamental nessa hora.
Os movimentos que algumas igrejas fazem contra o uso de entorpecentes, como os grupos de apoio social, grupos de oração e outros mais, podem ajudar no caminho da superação, pois “desencorajam comportamentos autodestrutivos como o uso de drogas e álcool e incentivam o perdão e a continuidade da vida alinhada à saúde”, explica Peres. Segundo ele, “nos grupos, exemplos de indivíduos que aprenderam e se desenvolveram a partir de suas superações, que cresceram espiritualmente e adquiriram tranquilidade ao lidar com as dificuldades podem ser referências para novos processamentos e enquadres cognitivos de outros jovens que buscam a estabilidade do bem-estar”.
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